Safelight
19.set.2019 | 09.nov.2019
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Press Release
<p>De tantos em tantos segundos, o músculo que levanta a pálpebra superior liberta-se, enquanto um outro age de forma involuntária. Os olhos fecham-se. A pálpebra é levantada pelo músculo contraído, por momentos expondo o olho à luz mais uma vez. Desta maneira, uma mancha negra é inserida na nossa percepção contínua do mundo durante cerca de 300-400 milissegundos — um corte abrupto para preto repetido 15 a 20 vezes por minuto. A constante embora amplamente imperceptível interrupção de visão serve claramente para lubrificar e limpar o olho. Este abrir e fechar é também um reflexo de protecção, uma reacção de sobressalto a um som alto, ou a algo que se aproxime da nossa cara. Nada disto é aleatório ou particularmente óbvio. (…)</p>
<p>Podemos cegar com a escuridão; ou podemos cegar com demasiada luz. Safelight de Igor Jesus confronta a maneira como a visão técnica medeia tais excessos no registo de comprimentos de onda de luz, mediando-os através de uma série de efeitos técnicos. Um feixe de luz programável usado em contextos teatrais ou discotecas desenha um caminho circular, coincidindo aleatoriamente com a abertura de uma câmara. No cruzamento destes dois dispositivos ópticos, resulta uma imagem preta densa, instável até o feixe se mover mais uma vez no seu caminho errante. Demasiada luz apaga a imagem para preto, o feixe é apenas visto quando os seus fotões são redireccionados para outro lugar. A câmara pisca e gagueja, sobrecarregada. Se a amplitude percepcionada de um som é demasiada para o ouvido humano, de forma análoga, o resultado é frequentemente também o fechar dos olhos. A luz regista os limites da velocidade do obturador, os artefactos desses limites são vistos como distorções, cintilações, ou auréolas coloridas.</p>
<p>Excerto de texto de João Ribas</p>
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