Rui Chafes | Incêndio
12.jan.2017 | 18.mar.2017
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Press Release
<p>A Galeria Filomena Soares tem o prazer de apresentar no seu espaço expositivo as mais recentes obras de Rui Chafes (Lisboa, 1966). Intitulada Incêndio, a mostra inaugura no dia 12 de Janeiro de 2017, pelas 21h30, e estará presente até ao dia 18 de março 2017.</p>
<p>A exposição é constituída por um núcleo de 25 esculturas, 14 das quais realizadas em ferro e intituladas “Incêndio” e as restantes 11 concebidas em bronze sob o título “É assim que começa..”.</p>
<p>Sobre estes novos trabalhos o artista escreveu:</p>
<p>“Procuro um espaço, de sombra e vazio, onde não sejam precisas palavras. Aí, onde tu e eu ainda não estamos, falas comigo de uma forma que só para nós faz sentido. Dizes-me, com a tua voz muda, que estou a querer ir onde não posso. Pedes-me para te deixar ir embora, mas acredito que queres ficar.</p>
<p>Vejo-te partir, lentamente, sabendo que nos iremos reencontrar mais adiante, num outro lugar, talvez num outro tempo. A tua mão já não tem força para procurar a minha. Espera por mim, digo-te. Penso que já não me ouves.</p>
<p>Todos os dias me aproximo desse espaço, mas ainda não consegui vê-lo claramente. Procuro sempre no teu rosto, suave e quase ausente, o caminho que me queres mostrar. Talvez esse lugar seja uma só palavra. Talvez seja apenas uma palavra de despedida.</p>
<p>A cada hora que passa, me sinto mais longe dessa catedral inacabada que são os ossos sob a tua pele, o teu crânio, as órbitas sombrias dos teus olhos tão longínquos dos meus. Dormes na distância, num crescente silêncio. Despedes-te lentamente, irreversivelmente. Dia após dia te vais afastando e tudo escurece e arrefece.</p>
<p>Permanentemente faço um esforço para plantar uma floresta dentro dessa tua catedral. Gostava de a ver crescer, ocupar o espaço todo e dar-lhe forma, erguer-se solenemente em direcção ao céu, fazendo-o despertar e florescer as estrelas.</p>
<p>Quando, por fim, o delicado e frágil fio de espuma que ainda nos unia se rompe e decides partir, a poeira cinzenta e triste que nos envolvia começa a pousar, revelando as solitárias silhuetas das árvores que se erguem entre as tuas ruínas.</p>
<p>A vida é combustão, ficamos sempre com o que nos resta depois do permanente incêndio. “Já não és tu”, diremos nós nesse momento.</p>
<p>O lugar está em mim. O céu está em ti”.</p>
<p>A exposição Incêndio é de entrada livre e pode ser visitada de terça a sábado, das 10h00 às 20h00, na Galeria Filomena Soares, Rua da Manutenção, n. 80, 1900-321, em Lisboa.</p>