Pia Fries | La Partie Élévatrice
13.nov.2008 | 17.jan.2009
Press
Press Release
<p>PIA FRIES | la partie élévatrice</p>
<p>Pia Fries nasceu na Suíça em Beromünster em 1955. Na década de 80 transferiu-se para a então Alemanha Ocidental e inscreveu-se na Academia de Arte de Düsseldorf onde foi aluna de Gerhard Richter. A pintura expressiva de abstracção policromática do artista alemão em muito viria a influenciar o trabalho de Pia Fries, no qual, se foram, gradualmente, destacando os empastados, as colagens e outras tantas adições numa sublimação das possibilidades da Mixed Media, sugerindo formas vivas e texturas que tridimensionalizam a grande pintura abstracta.</p>
<p>Um dos aspectos mais notáveis das obras de Pia Fries é, precisamente essa densidade do pigmento, que ela aplica com exuberância, preservando contemporaneamente uma superfície lisa na qual formas barrocas se destacam em alto-relevo. Ainda que não seja evidente à primeira vista, as obras de Pia Fries são sempre distintas, não só em termos de composição e manipulação da cor, mas também pelo modo como a pintura em si aparece como material. Ela vai paulatinamente arquitectando a organização das suas pinturas, passo depois de passo, transeunte do seu processo de pintura, adicionando e subtraindo, evitando acuradamente qualquer senso de ilustração. E na verdade, ainda que a sua pintura balanceie entre uma arte intuitiva e outra pensada, o seu principal tema é a “pintura” que não representa mais do que o seu “sentir artista”[1]!</p>
<p>Composições sem ponto de fuga real, onde as formas disseminam sinuosas pela superfície cândida da tela ou da madeira, passo a aliteração: desenrolam, desencaracolam, desdobram-se, desabrocham, desembrulham-se… como organismos vivos[2] que se movimentam e metamorfoseiam ou como uma música de Jazz com os seus sincopados e improvisações numa musicalidade sem narrativa aparentemente desordenada que não podemos trautear. E será precisamente esse dinamismo, juntamente com a distribuição das formas sem hierarquia e a riqueza matérica oferecida pelas densas camadas de tinta associadas a colagens e impressões em animadas sobreposições, a conferir às obras de Pia Fries diferentes leituras e percepções quando contempladas de perto ou, pelo contrário, à distância. Num primeiro instante, procuramos, tendencialmente, apreender a plasticidade da imagem percepcionada como um todo percorrendo com os olhos a totalidade da superfície, para só depois, mais atentamente, descortinar pormenores dentro da composição. Não raras vezes o mote impulsor é precisamente essa dualidade gerada por uma observação próxima ou afastada: a percepção de uma pintura como um todo e nos seus pormenores!</p>
<p>Ainda que a distribuição das formas na superfície não siga uma hierarquia precisa e que ressalte uma tensão desorientadora, parece clara a procura de equilíbrio na arrumação visual da composição, tanto a nível formal como cromático. </p>
<p>Pia Fries utiliza sempre uma paleta de cores vibrantes, que combinam harmoniosamente, sendo que a cor, entendida no plural, assume o papel de protagonista numa pintura pintada! O background permanece, a maioria das vezes, em branco mas de modo algum deverá ser entendido como uma moldura inerte para o exercício da pintura. Ao rivalizar, pela limpidez e planimetria, com os motivos pintados, ele anima a composição e juntamente com o óleo dos pigmentos, influi no brilho das cores fazendo com que as formas se afigurem suspensas em remoinho e turbilhão no campo da superfície.</p>
<p>Esta particularidade do fundo entendido como mais um elemento da composição, em simbiose com a pintura e toda a sua profusão matérica – espessas camadas de tinta em erupção associadas a impressões de imagens fotográficas através do processo silk-screening[3], colagens de tecidos a lembrar Sigmar Polke ou tiras de papel crepe – anuncia-nos uma pintura que resulta de uma sucessão de layers que proporcionam, assim, interessantes jogos ilusionistas. Um quase trompe l’oeil a sobressair do branco do fundo que vincula ainda a pintura às paredes igualmente brancas dos espaços expositivos, permitindo assim que a obra entre na sala…</p>
<p>As marcas em ziguezague e riscas horizontais e verticais deixadas pelos pincéis, espátulas e outras ferramentas, intensificam as pulsações destas obras plenas de vida, formas e cores, que nos convidam a um diálogo introspectivo e condizem a um entendimento muito pessoal e subjectivo. Em cada forma, mancha espessa de tinta, supomos reminiscências de imagens do mundo real que diferem de acordo com a imaginação de cada um. Elas provocam sensações, agem sobre todo o corpo, despertando todos os seus sentidos: remetem-nos a cheiros e sabores, aprisionam a visão, e incitam ao toque….</p>
<p>As suas obras foram recentemente exibidas no Kunstmuseum Luzern, na Bernard Jacobson Gallery de Londres e na prestigiada galeria suíça a Mai 36. No transcorrido ano de 2007 o Kunstmuseum Winterthur organizou uma significativa retrospectiva do trabalho de Pia Fries com a exposição: Pia Fries: Painting 1991-2006, um périplo pelos últimos 15 anos da obra da artista. Refira-se que a artista está ainda representada em importantes colecções privadas e públicas na Suíça e no estrangeiro, a título exemplificativo mencione-se o Museu Kunsthaus de Zurique, a Neue Staatsgalerie de Estugarda e o Neues Museum de Nuremberga.</p>
<p>[1] “Eu não tenho nenhum motivo. Somente motivações” | “Creio que a motivação é a verdadeira natureza da arte, e que o motivo seja já uma ideia ultrapassada”, Gerhard Richter in The Daily Practice of Painting, 1960-1993, ed. Hans-Ulrich Obrist. Tradução: David Britt. Londres 1995; pp. 112 e pp.119</p>
<p>[2] Refira-se por exemplo a série de trabalhos do projecto “Loschaug” exposto na CRG Gallery NY em 2007 e que teve como inspiração um livro sobre insectos e plantas do Século XVII da naturalista e investigadora científica Maria Sibylla Merian. Publicação reproduzida ainda nestes trabalhos.</p>
<p>[3] Pia Fries tem inclusivamente utilizado fotografias de pinturas antigas, impressas na madeira, servindo como ponto de partida para novas obras.</p>
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