Peter Zimmermann | New Paitings
25.set.2008 | 08.nov.2008

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<p>NEW PAINTINGS</p> <p>Pintura e escultura de Peter Zimmermann (Sala I)</p> <p>A Galeria Filomena Soares exibe, na Sala I, a exposição “New Paintings” na qual apresenta obras de um dos mais singulares representantes do abstraccionismo contemporâneo, o alemão Peter Zimmermann. Esta exposição compreende um conjunto de trabalhos (pintura e escultura) que o artista realizou entre 2007 e 2008.</p> <p>Para compreender estas obras recentes de Peter Zimmermann, será necessário recuar pelo menos duas décadas no seu trabalho, período em que o artista encontrou o seu material de eleição, a resina epoxy, e começou a desenvolver uma gramática visual muito própria.</p> <p>Desde o início do seu percurso, refiram-se as Caixas de Cartão ou as reproduções de Capas de Livros (Book Cover Paintings[1]), que é claramente notório nas suas criações artísticas um método de produzir imagens que nega a ideia da “mão do artista”, remetendo-nos, desse modo, para o campo da conceptualidade. Simultaneamente, ressalta desses primeiros trabalhos, um outro aspecto que viria a marcar a maioria das suas criações posteriores: uma profunda incerteza filosófica entre o objecto e a sua representação.</p> <p> Relativamente às suas Capas de Livros – capas de livros de arte, de enciclopédias, de guias de viagem – afigura-se fundamental assinalar as Capas de Monografias de pintores abstractos como Mondrian, Malevich ou Pollock, porquanto nos apontam algumas das referências de Peter Zimmermann que em muito terão contribuído para a crescente abstracção da sua arte. Atestando o fascínio que o expoente do expressionismo abstracto exerceu sobre artista, mencionem-se as 11 reproduções de diferentes monografias de Jackson Pollock. Será inclusivamente oportuno salientar o modo notável como Zimmermann resolveu plasticamente a dificuldade de reproduzir a epoxy as obras daquele artista patentes nas capas das monografias. Curioso será ainda o facto de, por exemplo, na obra “Pollock[2]” o dripping, um processo espontâneo, emocional e expressivo, ter sido representado num meticuloso método de reprodução, contrariando, consequentemente, o automatismo da Action Painting. Esta obra apresenta-nos paradoxalmente um motivo abstracto reproduzido de forma realista.</p> <p>As Capas de Monografias dos mestres do abstraccionismo internacional estão na transição para as pinturas abstractas que, oscilando entre composições mais geométricas e padronizadas e outras mais intuitivas de um lirismo poético desconcertante, representam uma parte significativa do seu repertório artístico.</p> <p>Zimmermann rompeu os últimos laços que ligavam a sua obra à realidade visível e a partir de um leque de imagens manipuladas em computador, surgem, inicialmente, composições com diversos padrões, nas quais se destaca a combinação de cores primárias e secundárias que, em associação à repetição ritmada das formas, criam um harmónico movimento que traz à memória as produções industriais.</p> <p>Posteriormente a essas pinturas padronizadas em disposição regular e metódica, distribuídas sem hierarquia por toda a superfície da tela num uniforme “all-over”, surgem as Blob Paintings, pinturas compostas por formas orgânicas fluentes.</p> <p>As Blob Paintings, cuja produção se intensificou a partir de 2000, evocam um movimento fluido, moroso, contrariando as formas estáticas das composições ritmadas, e, representam um momento soberbo da sua obra e do uso da resina sabiamente vertida sobre a superfície da tela mediante o uso de stencils.</p> <p>Formas amorfas sobrepostas, parecem fundir-se enquanto se vão espalhando pela superfície pictórica para logo voltarem a recolher-se. Gotas mais pequenas e mais escuras justapostas a gotas maiores e mais apagadas formam camadas de cor aprisionadas em piscinas endurecidas de epoxy. Uma epifania da cor e de transparências da qual resultam superfícies luminosas com um colorido quase psicadélico.</p> <p>A resina, à qual foram previamente dissolvidos pigmentos, é aplicada sobre a superfície branca da tela, dando assim a sensação que uma luz interior emana da obra, intensificando as suas cores. Simultaneamente, cada cor tem sempre um efeito singular em relação com o fundo e em contraste com as cores circundantes. Não raras vezes, as cores quentes parecem provir em direcção ao espectador enquanto as frias e sombrias parecem retroceder. Por vezes, os layers do topo, que estão, portanto, mais à superfície, pela área da sua mancha, assumem-se como o background e, ao invés, as camadas inferiores parecem surgir mais à superfície, patenteando assim um exímio jogo de translucidezes e ilusão de óptica. Sucede também, nalguns casos, a tela estar visível, integrando desta forma a composição da obra.</p> <p>As sensações tácteis que ressaltam das suas obras atestam o bom conhecimento e manejo da resina epoxy, que ao longo dos anos foi adaptando a vários contextos expositivos e formas de expressão artística – refira-se a título exemplificativo as esculturas patentes nesta exposição ou intervenções que realizou como no Centro de Arte Contemporânea de Málaga revestindo o pavimento de uma das salas a resina -explorando exaustivamente as múltiplas possibilidades desta matéria[3].</p> <p>A cumplicidade do pintor com o seu material é de facto irrefutável e, neste aspecto, poder-se-á falar de um ritual entre o pintor, o material e a própria acção de pintar. Se por um lado, Zimmermann elabora uma pintura pensada, intelectual, por outro, a sua técnica, o seu acto de pintar contraria a rigidez de obras pré-elaboradas aproximando-o do expressionismo abstracto.</p> <p>Utilizando vários ready-made filters (filtros) e outras ferramentas de programas de imagem[4], Zimmermann desconstrói imagens representativas até as converter em imagens abstractas de conteúdo e forma alheios a qualquer representação figurativa.</p> <p>Material visual externo – imagens encontradas na internet, referências do mundo contemporâneo ou mesmo fotografias de obras antigas – que o artista submete a um tratamento exaustivo no computador e que, posteriormente, transpõe para a tela. Essas imagens, quando transferidas para a tela, ganham novas propriedades: relevo, resplendor, transparência e opacidade, apontando-nos uma figuração oculta.</p> <p>Será importante ter presente, que o facto do artista se servir das muitas possibilidades oferecidas pelos programas de edição de imagem, o computador é apenas uma ferramenta numa fase preliminar de um processo artístico que será posteriormente executado pelo próprio. Poder-se-á, assim, dizer que estamos perante uma feliz contaminação entre a tecnologia e um fazer manual, prevalecendo este último em detrimento do primeiro, pois as obras de Peter Zimmemrmann não obstante fazerem uso das novas tecnologias, não entram na esfera da “media art”.</p> <p>As imagens apropriadas pelo artista, prelúdios de um processo criativo complexo e muito peculiar poderão não resultar de uma selecção criteriosa, na medida em que, a sua preocupação se centra sobretudo na abstracção que resultará de uma posterior manipulação digital.</p> <p>Estas obras são, assim, sombras de um corpo pictórico real existente, modificado por filtros…Imagens latentes, ecos da realidade, catálogos de cores que sugerem múltiplos espaços e sensações, e, ao mesmo tempo, ocultas intenções e realidades.</p> <p>Não obstante as propriedades absolutamente retinianas, as obras de Zimmermann são o resultado de uma particularíssima investigação estética, de um processo intelectual e tecnológico de experimentação. Zimmermann explora as potencialidades da imagem que conduzem o pensamento do espectador através de um percurso mental que vai al di là dos limites daquilo que aparece na tela.</p> <p>À primeira vista, não nos apercebemos do elaborado processo que estas poças de cor velam…e, eis que somos confrontados com uma das mais importantes premissas da arte contemporânea: tudo pode ser muito mais do que aquilo que se vê!</p> <p>[1] Designações retiradas da publicação Peter Zimmermann Paintings de Hubertus Butin: Book Cover Paintings e Blob Paintings</p> <p>[2] Pollock / The Esssential I, 1999, 150 x 150 cm</p> <p>[3] Um material versátil usado em variadíssimas industrias com fins muito distintos entre si. A secagem do material regra o processo criativo, condiciona a passagem de uma acção precedente à sucessiva. Resina é vertida na tela, estendida horizontalmente</p> <p>[4] O artista utiliza preferencialmente o programa Adobe Photoshop, um software caracterizado como editor de imagens </p>

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