Ghada Amer & Reza Farkhondeh | The Gardens Next Door
16.set.2010 | 17.nov.2010
Press
Press Release
<p>Ghada Amer & Reza Farkhondeh: The Gardens Next Door”</p>
<p>16. 09 – 20.11. 2010</p>
<p>A colaboração Ghada Amer e Reza Farkhondeh surgiu de um acaso e progressivamente foi-se tornando permeável ao vocabulário plástico de cada um, de tal forma que as suas contribuições individuais são hoje inseparáveis entre si (o que não significa indistintas). Cada intervenção é um elemento componente da composição e contribui para a narrativa e plasticidade visual que ela sugere, não se revelando por isso fundamental se uma pintura resulta ou não indivisa.</p>
<p>Se a confiança e amizade são diversas vezes referidas como alicerces desta parceria, não menos significativas serão as experiências de vida comuns e sobretudo uma invulgar proximidade intelectual e espiritual. Horizontes artísticos e imaginário cultural cruzam-se num mesmo “sentir artístico”.</p>
<p>O irromper involuntário desta colaboração atesta ainda a natureza orgânica do processo criativo que no seu desenvolvimento vai apontando diferentes rumos: “não falamos nem comunicamos um ao outro qualquer intenção ou direcção do nosso trabalho. Tudo evolui em silêncio, enquanto adivinhamos ou deciframos o que o outro quer dizer”</p>
<p>São infinitas as direcções criativas que uma colaboração artística pode favorecer e em cada série ou projecto expositivo novos caminhos são testados, dando continuidade a um processo que está sempre em aberto, que não se encerrou em si e que não expirou naquele primeiro trabalho conjunto.</p>
<p>O desenho enquanto meio de expressão oferece-lhes uma peculiar liberdade criativa e talvez por isso persistam num trabalho enquanto se sentem inspirados para o fazer: cada papel transita entre os dois indistintamente sem</p>
<p>directrizes ou preceitos previamente elaborados e definidos. Se assim acontecer, poderão consentir o imprevisto e os erros podem inclusivamente revelar-se oportunidades de descoberta.</p>
<p>Nos desenhos assinados pelos dois artistas continuam presentes as figuras femininas que Amer sequestrou ao imaginário da pornografia, mas agora em estreita sedução com a natureza de Farkhondeh, em si também ela carregada de pulsões eróticas.</p>
<p>As poses lascivas destas personagens que impelem o espectador a tomar parte do momento privado em que se estimulam sexualmente ou se afagam entre si sem embaraços nem pudores, não são mais provocatórias e sensuais do que as cores quentes e ferventes de uma natureza também ela erótica e libidinosa que circunda estas mulheres aforradas da sua condição feminina.</p>
<p>Os trabalhos tanto no cromatismo como na suavidade da linha evidenciam plasticamente a harmonia de uma colaboração serena. As figuras estilizadas são mulheres sem história, sem feições, de semblantes e corpos anónimos, cuja presença se encerra numa linha geral rápida e desprendida. Se o desenho é simplificado e as figuras são todas idênticas entre si, partilhando o mesmo rosto e poses ousadas, a natureza vai variando em cada desenho, conferindo, por último, unicidade a cada a trabalho.</p>
<p>“Gosto de jardins pela manhã para passear, à tarde para simplesmente me deixar ficar ou adormecer neles, e ao anoitecer para ver como as cores desaparecem”. São estes distintos momentos e estados de contemplação da natureza nas suas diferentes mutações ao longo do dia que Farkhondeh transpõe para as obras. Assim, na escolha das cores, vibrantes e suaves em sobreposições de camadas translúcidas ou em manchas opacas de tinta ou no modo como permite que a vegetação se espalhe desbragadamente pela superfície do papel sobrepondo-se às figuras das mulheres, a natureza tanto pode resultar meditativa e ascética ou mais animosa e desassossegada. É através de uma pintura intuitiva, espontânea, distante de formulações rigorosas e académicas escrava do desenho e de normas compositivas, que Farkhondeh partilha com o observador a sua natureza idílica, real ou não, local de reflexão e de rejuvenescimento espiritual, onde podemos sentir “a nossa própria mortalidade sem pânico”.</p>
<p>The Gardens Next Door é a continuidade de um trabalho de incessante procura da beleza em si antagónica às reflexões pessoais que perfilham, tanto relacionadas com a condição humana ou com as construções multiculturais sobre o género e a sexualidade. Tudo tem um desígnio e cumpre uma função enquanto veículo de comunicação. O desenho como meio de comunicação. Ghada Amer e Reza Farkhondeh dizem-nos alguma coisa. Alguma coisa que vai além da retórica e além da oratória.</p>
<p>Vamos ver, ouvir e sentir…</p>
<p>………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………</p>
<p>Citações retiradas das entrevistas realizadas por Martine Antle a Ghada Amer e Reza Farkhondeh para o catálogo editado pela Galeria Filomena Soares no âmbito da exposição. </p>
na obra
Artistas
No Results Found
The posts you requested could not be found. Try changing your module settings or create some new posts.