Exposição Colectiva | This Is My Condition - Curadoria de Alexandre Melo
29.abr.2010 | 11.set.2010
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Press Release
<p>THIS IS MY CONDITION</p>
<p>Tenho dificuldade em encontrar títulos. Ocorrem-me literais e descritivos, um pouco tristes. Se os procuro engraçados o efeito não é menos entristecedor. Por isso perguntei aos artistas. A sugestão certa veio de Slater Bradley enquanto no seu estúdio olhávamos ao princípio da tarde para uma luz de fim de tarde sobre o Hudson, visto a partir do lado de lá. Uma luz melancólica ou amarela. É também o título de uma das suas obras expostas e um verso da canção “Condition Oakland” dos Jawbreaker. Conferi a hipótese com McNamara (um almoço num pequeno restaurante de Chelsea; não vale a pena falar da luz): aprovou, acrescentou que até se podia aplicar a todo o seu trabalho e, para dissipar dúvidas, telefonou a Trecartin que, desde Filadélfia (gosto muito destes errados desde), também concordou.</p>
<p>O que é que “This is my condition” quer dizer? O que é “Isto” (“This”)? As perguntas não se aplicam. “This is my condition” não precisa de querer dizer nada porque diz tudo o que alguém pode dizer sobre si próprio sem incorrer em abusos ou riscos de falsidade.</p>
<p>Falemos então do que à sua volta este título não diz. Temos a “condição humana”, a “condição pós-moderna” e as inevitáveis “condições sociais”. Tudo tão “last century”.</p>
<p>Este título não circunscreve um tema. Serve para convocar um conjunto de obras e artistas que servem para pensar os modos como nos vamos continuando a ser, apresentar, olhar e movimentar no tempo e no mundo que nos calharam. Não é possível apurar uma expressão purificada da subjectividade que se distinga da presença efectiva de um corpo. Os planos existencial e social já se sabe que são indissociáveis ou incompatíveis (depende das definições e vai dar no mesmo).</p>
<p>Mais as já sabidas confusões entre a consciência e a química, a ficção e o real (o velho “simulacro”), a verdade e a encenação (a grandiosa “super-encenação”).</p>
<p>Slater quis ou ainda quer ser “dandy” e o problema não é que tal não seja possível. É tão possível que não vale a pena; por este andar nem “camp”. Fica a melancolia ou a nostalgia (“Boulevard of broken dreams”) mas nostalgia de quê se o seu objecto é tão actual como tudo o mais?</p>
<p>McGinley afia o olhar amoroso sobre corpos reais (os corpos como eles terão sido antes de serem vulgares) deixados à solta (não encena, proporciona situações, cria “condições”) nos espaços naturais mais reais que consegue encontrar: “from the mountains to the prairies” passando pelas grutas (parecem cenários de ópera, Wagner?). Se calhar são só auto-retratos impossíveis (à maneira de Jack Pierson) ou duplos (à maneira de Slater com o seu actor-fetiche Benjamin Brock).</p>
<p>McNamara, como todos nós, não sabe se dança, cai, não cai, representa (“I thought it was you”), se apresenta, morre ou sobrevive (“The latest in blood and guts”). A infinita persistência do movimento (“Sam spinning infinitely”) do corpo ou da imagem faz a diferença entre a morte e a vida.</p>
<p>Pierson, numa inesperada série de trabalhos abstractos, re-elabora, em “abstracto”, a infinitude de possibilidades de re-construção e leitura e a irremediável indeterminação dos sentidos dos discursos e figuras.</p>
<p>Trecartin cria filmes de tipo novo onde personagens possuídas, em êxtase digital, aceleram delírios. Figuras frenéticas cuja razão de ser é manterem-se em acção na incompreensível narrativa que vão segregando.</p>
<p>Cada actor cria e alimenta o seu lugar na ficção tal e qual como, na realidade, qualquer um de nós. Boa sorte.</p>
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