António Olaio | Crying my brains out
12.nov.2009 | 17.jan.2010

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Press Release

<p>António Olaio “Crying my brains out ”</p> <p>PRESS RELEASE</p> <p>Numa altura em que inaugurou a terceira retrospectiva do seu trabalho, Brrrrain na Culturgest, António Olaio regressa à Galeria Filomena Soares com uma série de novas pinturas realizadas no presente ano de 2009 que proporcionam um interessante paralelismo com as obras expostas na Fundação da Caixa Geral de Depósitos porquanto nos permitem confirmar o que para o artista há muito se afigurava evidente: a sensação de que tudo o que fez há 20, 10 ou 5 anos, é absolutamente contemporâneo do que faz agora[1].</p> <p>Seguindo uma linha de trabalho absolutamente singular, habilmente sobrepondo num único plano de hierarquias o seu papel como performer, pintor, músico e videoasta, António Olaio tem trilhado, desde a década de 80, um percurso notável no panorama artístico português que lhe confirmou um lugar certo na arte contemporânea nacional.</p> <p>Não obstante a multiplicidade de técnicas artísticas que experimentou, ressalta evidente uma unidade discursiva coerente, particularmente na tradução artística das suas reflexões pessoais sobre algumas das mais importantes premissas da arte contemporânea, designadamente no que diz respeito ao papel do artista -“Muito do que fiz parte da perplexidade perante o que será de facto um artista[2].” – e da arte em sentido genérico – “a arte contemporânea tem a qualidade de reflectir sobre ela mesma, de se auto-questionar, mas essa qualidade também prejudica a sua eficácia. Dá-se uma espécie de autofagia. Ao reflectir sobre si, enquanto arte, pode parecer que se esquece de o ser. E, muitas vezes, uma aparente lucidez pode não passar de outra forma de cegueira[3]”.</p> <p>E será seguramente em declarada objecção a essa ablepsia que o artista inventou a sua pintura pueril, lúdica e humorística subjugada muitas vezes ao absurdo e à ironia, sugerindo porém questionamentos críticos que incitam o espectador a um processo de associação contínuo e a assumir um papel activo e participativo no entendimento das obra: “a performatividade que percorre e explica o conjunto da obra de António Olaio estende-se ao observador através de uma integração que se obtém quer por esforço intelectual quer por prazer sensório-emotivo[4]” De facto, na multiplicidade de disciplinas que compõem o trabalho de António Olaio, a performance revela-se essencial e, segundo o próprio artista “escondida por detrás de tudo o que faço”, mesmo na pintura ” (…) e não propriamente na performance da pintura enquanto acção pictórica, à Jackson Pollock, mas na performance que as imagens podem desencadear, sobretudo na cabeça das pessoas”[5].</p> <p>Nas pinturas de Olaio a imagem mostra-se muitas vezes em performance, numa mutação conduzida por movimentos cadenciados onde ficção e realidade coabitam no mesmo espaço da superfície da tela suscitando desconcertos irónicos e cromáticos, ambiguidades semânticas e formais. As figurações são ainda o resultado da distorção de imagens prévias, na medida em que o artista se serve de material existente – retirado por exemplo da revista do National Geographic – para produzir novas imagens desconectadas da realidade ou totalmente absurdas, auto-promulgando-se assim como alguém determinado a reestruturar o que já existe e a inventar novos mundos.</p> <p>No “país das maravilhas” da pintura de António Olaio as imagens produzem novas existências, muitas vezes contrárias à razão, onde geografias habitadas por seres híbridos, cenografias indistintas e encenações ambíguas e despropositadas tomam vida própria num “laboratório genético bizarro”, sem no entanto, perderem totalmente o vínculo ao real: “Eu gosto de explorar a ambiguidade entre o que será imaginário e o que será real. O que é objectivo e o que será onírico. E quando uma imagem começa a ter um pendor demasiado onírico, condimento-a com uma maior crueza objectiva[6]”. O artista gera um curto-circuito entre ficção e realidade, num discurso poético e interventivo muitas vezes alheio às directrizes propostas pela prática artística contemporânea, o que, sempre se diga, desarruma a ilusória objectividade das suas pinturas, superando, em última instância, uma aparente vertente ilustrativa.</p> <p>Refira-se por último, “a palavra” que pelos valores plásticos que lhe atribui, revela-se fundamental como legenda e como imagem. A amplitude de citações, correspondendo na sua maioria ao próprio título do trabalho, assume a dupla função de favorecerem a compreensão de uma pintura por uma lado e por outro proporcionarem ainda mais a sua codificação remetendo-nos para um enredo narrativo ilógico e fantástico:</p> <p>IF ANTÓNIO OLAIO WASN’T AN ARTIST WHAT COULD HE BE?</p> <p>[1] António Olaio in Crying My Brains Out, texto publicado na revista BOMBART, Outubro de 2009</p> <p>[2] António Olaio in Crying My Brains Out, texto publicado na revista BOMBART, Outubro de 2009</p> <p>[3] António Olaio (com a colaboração de Victor Diniz) -I Think Differently, Now that I Can Paint. Guimarães: Centro Cultural Vila Flor; Lisboa: Galeria Filomena Soares, 2007</p> <p>[4] João Pinharanda – António Olaio. O artista é um ready-made auxiliado. Porto: Mimesis, 2004</p> <p>[5] António Olaio (com a colaboração de Victor Diniz) -I Think Differently, Now that I Can Paint. Guimarães: Centro Cultural Vila Flor; Lisboa: Galeria Filomena Soares, 2007</p> <p>[6] António Olaio (com a colaboração de Victor Diniz) -I Think Differently, Now that I Can Paint. Guimarães: Centro Cultural Vila Flor; Lisboa: Galeria Filomena Soares, 2007</p>

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